terça-feira, novembro 13, 2007

Necessidade ou alteridade?


Outro dia estava assistindo na tv um documentário sobre uma comunidade "primitiva" na África (não me lembro qual é - foda não anotar as coisas). O cara caçava para dar sustento a sua família. Mas para ele, o animal que ele matava era digno de respeito. Quando o caçador se aproximava do animal ainda vivo, ofegante, banhado de seu próprio sangue, acariciava-o em gesto de agradecimento à vida que se ia em benefício da sua - prática provavelmente milenar.

Não estou aqui defendendo o não-embate, a não utilização da tecnologia ou a proibição da carne como alimento. Pretendo apenas fomentar a alteridade deste embate. A falta de alteridade recorrente na história da humanidade ocidental tem nos apresentado um final autofágico, canceroso e suicida - vide aquecimento global, seus derivados e derivantes.

Fortaleza é uma cidade impermeável e sem árvores. A orla marítima é abarrotada de concreto e o mar não tem mais peixes, além de estar poluído. Não tenho problemas com a existência de organizações sociais em cidades, o que problematizo é não poder mais andar nu ou me dedicar a aprimorar técnicas de caça e pesca, porque não há mais espaço para isso - a diferença é sempre aniquilada. O planeta foi loteado e eu não participei. Fica difícil pensar que as pessoas que se beneficiaram desta divisão canalha vão me arranjar diplomaticamente este direito. Muita gente com idéias e posturas diferentes e pouca gente aramando grandes quantidades de terra para defender a postura do mercado, muito fácil enriquecer assim.

O problema não é ter invenções demais. As tecnologias, o concreto e o petróleo poderiam existir sem provocar o declínio da espécie humana se fossem utilizados pensando no outro, organizadas segundo uma lógica alteritária e não autoritária, com a simples privação das diferenças. Não acredito (como disse o bill gates, chamando a galera do software livre de novos comunistas que querem que "o que move a produção" seja extinto - http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI450517-EI553,00.html - daqui a pouco produtores de software livre serão também comedores de criancinhas, tsc, tsc, tsc...) que apenas o mercado é capaz de fomentar produção - o que pode ser percebido com a crescente comunidade de software livre.

Se é para ser suicida, prefiro que seja logo e sem dor. Que tal o sol morrer e dar lugar a um buraco negro? Que tal o globo sair de órbita? Que tal os americanos apertarem logo o botão? Que tal mudar nossa postura para com o planeta e suas micro-relações? Se eleição resolvesse, meu voto seria para a última opção.

continua...

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sexta-feira, novembro 09, 2007

Hoje eu esqueci seu nome. Continuo sem lembrar, na realidade.

É que seu veneno, no encontro, limpou meu ser de ti.

se era máscara, não caiu... ou será que foi a minha paciência que sumiu?

pobre ou rica, essa rima foi sem graça, o veneno como traça comeu teu ser de mim.